#DifraçõesHistóricas

Uma escrita da História no tempo das contingências

Ano Novo…

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Lapis Lazuli faz humor com o seu passado trágico no episódio Gem Harvest, quarta temporada de Steven Universe.

O ano de 2018 foi complicado.

Foi um ano extremamente produtivo (os posts aqui no blog atestam isso. Artigos foram publicados, participei de dois eventos, um livro organizado em co-autoria está na editora para ser lançado no início de 2019…). Muitas surpresas agradáveis aconteceram. Talvez a melhor dessas surpresas foi o reencontro com pessoas… pessoas que nunca foram próximas, mas que, por algum motivo que me é estranho, eu almejava ter por perto. Hoje, por ironias do destino, elas estão mais próximas e é uma imensa felicidade tê-las em minha vida.

Foi um ano de pequenas contingências. Algumas para o bem e outras para o mal. Eliminei da minha experiência cotidiana alguns “colegas de infância” que para nada serviam, uma espécie de entulho que a gente mantém no canto escuro de um quartinho da bagunça de nossa vida, por mera educação. Nesse ponto, eu preciso agradecer ao presidente eleito e seu marketing de ódio. Deixou mais explícito tudo aquilo que estava no quartinho e merecia ser jogado no lixo.

Foi ano de Copa do Mundo (detesto copa) e foi ano de eleição com a vitória da retórica do pânico moral. Que eu me lembre, a última vez que o pânico moral venceu no Brasil foi durante a Revolta da Vacina de 1903. A população, temendo uma agressão do Estado aos princípios morais da família brasileira, com o governo supostamente obrigando as mulheres desnudarem pernas e braços para os agentes da vacinação, ato escandaloso para a época, foi às ruas e venceu. O modelo de vacinação obrigatória proposto pelo sanitarista Oswaldo Cruz contra a varíola foi engavetado. Resultado: 4 anos depois o Distrito Federal foi varrido pela mais devastadora epidemia de varíola já registrada, deixando um saldo de milhares de mortos. Após 115 anos, o povo, tomado por pânico moral, tornou a vencer: votou contra a corrupção, a “ideologia de gênero” nas escolas, e o “comunismo”. Mais uma decisão supostamente à favor da família(?). Qual será o resultado dessa vez?

Tudo isso me faz ter cautela em relação ao próximo ano. Mas, assim como a personagem Lapis Lazuli no episódio Gem Harvest, de Steven Universo, eu não deixo de rir, fazer piada de nossa tragédia. Como no desenho, as pessoas estranham esse comportamento. Mas acredito que o humor negro é uma forma de resistência. Com esse humor eu seguirei pelo próximo ano, buscando sobreviver e, quem sabe, ser feliz. Sem falar que, no tempo das contingências, nenhuma previsão, seja otimista ou pessimista pode ser levada estritamente a sério.

Feliz Ano Novo!

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Publicado às 31 de dezembro de 2018 por em Curiosidades provocativas e marcado , , , , .
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