Barthes considera uma diferença fundamental entre a fotografia pornográfica e a erótica. A fotografia pornográfica é unária: possui uma unidade de composição como regra, daí vem a sua homogeneidade e banalidade que aponta uma única coisa: o sexo. A erótica, ao contrário, é uma fotografia cheia de desvios e fissuras. Na foto acima, está a atriz Dee Dee Lynn sob a água, negando-se a abrir os olhos. Um corpo nu que nos faz pensar, por exemplo, na totalidade de nossa existência imersa em um ambiente cuja água é elemento onipresente. Fonte: https://imgur.com/tzo7VJ4
O que a Fotografia reproduz ao infinito só ocorreu uma vez: ela repete mecanicamente o que nunca mais poderá repetir-se existencialmente. Nela, o acontecimento jamais se sobrepassa para outra coisa: ela reduz sempre o corpus de que tenho necessidade ao corpo que vejo; ela é o Particular absoluto, a Contingência soberana, fosca e um tanto boba, o Tal (tal foto, e não a Foto), em suma a Tique, a Ocasião, o Encontro, o Real, em sua expressão infatigável.
BARTHES, Roland. A Câmara Clara. Nota sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. p. 13.