“A Confortadora”. Foto de André V.Vital
Agora há pouco estive na exposição Comciência, da artista australiana Patrícia Piccinini no Centro Cultural Banco do Brasil. Aqui no Rio de Janeiro a exposição tem entrada franca e pode ser conferida até o dia 27/06.
A partir de obras hiper-realistas, ao mesmo tempo doces, infantis e mesmo repulsivas, que podem ser esculturas, sons, vídeos, pinturas e outros, Patrícia Piccinini provoca o espectador a repensar as fronteiras entre os humanos, as máquinas, os animais e os vegetais. A partir dessa provocação, a questão principal que emerge é a relação com o outro ou o radicalmente outro. A exposição toca na questão da ética das relações, ao mostrar que o mundo e tudo o que há nele é formado por interações e intra-ações, pouco controláveis pela ação humana. A partir da diluição das fronteiras em cada obra, é possível pensar sobre a proliferação de novas realidades e mundos possíveis provenientes do avanço tecnológico, além das assimetrias e preconceitos que permeiam as relações entre os humanos e entre humanos e não-humanos.
“O Observador” Foto de André V.Vital
A exposição é uma ótima oportunidade para se pensar as modificações genéticas, as extinções de espécies, as mudanças climáticas, os preconceitos de gênero, as transformações tecnológicas e uma série de outros temas atuais de suma importância em uma perspectiva pós-humanista. É uma provocação poderosa que ajuda a descolonizar o pensamento (a minha companhia, que é completamente leiga no assunto, ficou bastante pensativa…). Por outro lado, aqueles que se interessam ou já são leitores de obras filiadas ao realismo especulativo, aos diversos neomaterialismos, à OOO, à teoria queer, e etc., certamente vão apreciar as obras de Piccinini. Ou seja, corre lá no CCBB porque da tempo e é de graça.